quinta-feira, 7 de maio de 2015

Madalena


Ao AJ, Brian, Howie, Kevin e Nick por encherem meu coração de alegria e paz.
Para se ler ao som de Madeleine.

O sol estava se pondo, a lua já aparecia no céu, algumas estrelas já podiam ser vistas. Madalena e Nicolas estavam sentados num banco encima de uma colina qualquer, completamente esquecida em São Paulo. Ele ficou um tempo sem saber o que dizer, ela chorava.

-Madalena, o que são essas lágrimas?

-Você sabe, Nicolas... O coração quebrado. De novo.

-Deixa disso. Não foi a primeira vez, não vai ser a última. – ele sorriu e seus olhos azuis brilharam com o crepúsculo, aquela imagem fez Madalena se sentir mais emocionada ainda.

-Eu não consigo deixar de sentir isso. – ela secava os olhos cheios de lágrimas.

-Você precisa sair do silêncio da sua caverna, você só consegue ver a floresta escura na sua frente, mas olha mais adiante: tem um campo de ouro esperando só você.

-Mas...

-Não! Deixa disso. Você sabe que isso é passageiro. Fique forte, fique firme, não desista. A ajuda já está vindo... – ele sorriu e aquele sorriso iluminou todo o céu.

-Fique bem, erga-se, Madalena. O sol vai nascer de novo.

Ele a beijou com toda a honestidade que pôde, Nicolas amava Madalena incondicionalmente.

-Eu confio em você, você me faz respirar de novo. Parece que me devolve toda minha dignidade... – ela sorriu e o sorriso morno dela iluminou o coração de Nicolas.

-Lembra quando nós éramos crianças e costumávamos sentar na ponte e olhar os navios e imaginávamos onde eles estavam indo, quem estava neles e o que eles descobririam?

-Claro que sim! – ela riu, aquela memória encheu seu coração de uma alegria azul, azul como o céu de verão, ela fechou os olhos e ouviu o barulho das ondas que batiam nas pedras embaixo daquela ponte perdida em algum lugar de sua infância. – Eu dizia que ia escrever aquilo num caderno, e que viraria um filme e eu seria a estrela do filme!

Os dois riram juntos, mas as lágrimas ainda estavam ali. Nicolas passou o dedo sob os olhos de Madalena e disse:

-Alguém roubou suas lágrimas e desapareceu com seu sorriso. Seja lá quem foi que fez isso, não te merece. Tá vendo aquele último raio de sol? – Nicolas perguntou apontando para o horizonte onde os últimos raios dourados se escondiam por trás da cidade.

-Sim... O que tem?

-Deixa ele aquecer seu coração, vai ficar tudo bem.

-Nicolas... – ela não sabia o que dizer.

-Madalena?

-Oi?

Ele a beijou nos lábios, ela sabia que aquele beijo era o mais honesto de todos.

-Eu te amo incondicionalmente, eu confio em você e quero te deixar respirar, ser livre. Eu quero devolver toda a sua dignidade. Quero que você se levante, se recupere, porque você pode Madalena.

Ela o abraçou com toda a força que podia. O sol se pôs completamente atrás dos prédios cinzas de São Paulo, mas nenhuma buzina, nenhuma risada, nenhum choro, som nenhum chegou até onde eles estavam juntos, no mundo não havia mais ninguém além dos dois.  E, no final, Madalena foi forte. E sempre se lembrou que quando um sonho termina, outro começa.




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