O primeiro de alguns que comemoram a
igualdade e, sobretudo, a justiça. Todos tem o direito de amar, todos tem o
direito de sofrer.
Nós
tentamos, ou será que fui eu que tentei? Eu sempre tento, tento. Às vezes perco
a noção do número de tentativas e a falha simplesmente me consome. Fico perdido
entre milhares de cores alucinantes que não me levam pra lugar nenhum. Fico
lembrando de nós dois, rolando na cama de um lado pro outro e da expectativa se
espalhando pelo meu corpo junto com o tesão que você me fazia sentir. Onde foi
que isso tudo se perdeu? Na verdade acho que foram nas palavras. Disse coisa de
mais antes de poder dizer, e isso acaba com certas chances e oportunidades que
temos. Você olhava pra mim e eu pra você, nada parecia mais certo do que
aquilo. Éramos dois homens apaixonados, ou pelo menos eu pensava assim.
Depois
daquele dia, quando você saiu da minha casa logo de manhã porque tinha coisas
de mais pra fazer, eu voltei pra cama e demorei pra pegar no sono de novo,
porque milhares de coisas ficavam passando pela minha cabeça. O gosto do seu
beijo ainda se espalhava na minha boca, misturado com a cerveja artesanal, a
catuaba e o amendoim. Eu fechava os olhos e via você no escuro me olhando. Meu
coração acelerava, eu tentava me concentrar. Depois dormi. Quando acordei,
qualquer pessoa normal estaria feliz, eu estava mais angustiado que antes.
Queria entender aquilo tudo, queria que aquilo tudo tivesse um resultado, não
queria que fossem mais investidas jogadas fora. Queria que, pela primeira vez,
aquilo tudo funcionasse da melhor forma possível. Era só isso que queria.
Passei o dia como um zumbi controlando a vontade de falar, a vontade de gritar,
de escrever, de simplesmente me comunicar. Os poucos amigos para quem contei
daquilo tudo estavam divididos, uns diziam que eu deveria falar tudo, outros
diziam que eu simplesmente deveria esperar.
Sou
impaciente de mais e esse é um dos meus piores erros, não consigo esperar,
respiro e inspiro, mas anseio pelos resultados. Quero resultados logo. Quero
isso no trabalho, sempre quis isso a minha vida inteira. Mas não é a vida que
tem que se acostumar ao nosso ritmo, somos nós os que devemos nos acostumar ao
ritmo da vida. Esse foi meu erro, foi o erro de toda a minha vida. Sou
impulsivo, pura pulsão, puro ID. Meu superego não é tão forte, eu passei uma
boa parte dos últimos anos desconstruindo toda a moral que existe em mim e
construindo uma nova. Não busco ser um super-homem, busco apenas ser melhor
para mim e para os outros. Mas geralmente me esqueço de ser bom melhor para
mim. Esqueci de novo. Não peço mais desculpas por ter dito tudo, não a você.
Peço a mim. Peço ao pequeno eu que sempre sonhou com algo mais do que
simplesmente sexo.
Na
verdade não foi tão difícil, quando você se acostuma, acaba ficando mais fácil.
Eu consegui passar por cima daquilo tudo da melhor forma possível, sou forte,
bem mais forte do que sei que sou. Eu estava bem, estava com o coração
tranquilo, mas eu resolvi atravessar a rua. E ali, parado com aquele sorriso
que me conquistou de primeira estava você. Nós nos olhamos, sorrimos um pro
outro e tomamos um café. Agora, o trabalho é do tempo.

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